Figueira da Foz. O meu pai e a minha madrasta tinham o hábito de ir beber café, após o jantar, num bar que ficava paredes meias com a nossa casa.Tinha uma esplanada fantástica, eles ficavam um tempo interminável à conversa com outros casais.A miudagem, eu incluída, andávamos para ali à solta. Na mesma avenida e não muito longe, ficava o Grande Hotel, agora hotel Mercure. O meu fascínio era ficar sentada , no muro da praia, a olhar para o hotel e deslumbrar-me com o glamour dos hóspedes. As senhoras em particular, bem vestidas, maquilhadas, com jóias e brilhantes. E pensava, quando for grande vou hospedar-me neste hotel, e com este ar bem.
Ao contrário da maioria, eu gosto de passar o aniversário sozinha e preferencialmente na minha terra, Figueira da Foz. Digamos que realizei o "sonho" de infância. É sempre no hotel Mercure. Mas o glamour, valha-me Deus, não sou nada sofisticada no vestir, só no estar. Mesmo quando tenho de usar fato encarrego-me de o desconstruir. Felizmente os hotéis já não exigem "black tie". E ali estou eu, a fazer o check in, com o ar mais desgrenhado (o meu cabelo tem vida própria e pavoneia como se não houvesse amanhã) , bota tipo tropa e o resto a condizer. Mas tratam-me sempre tão bem que me sinto a estrela de cinema que imaginava na infância.
O meu aniversário, doces, bolo, velas e flute de champanhe, cortesia do hotel. Tudo só para uma pessoa, não para uma pessoa só...