PIEDADE PARA UMA MULHER SÓ...
ROMI
Olha-me num sorriso de piedade para uma mulher só.
Pega no jornal... num gesto de quem está, mas não para mim.
Olho-o com a indiferença de quem está só e gosta.
Pousa o jornal e diz com voz que quer ser sincera:
Gosto tanto de ti!
Continuo a sorrir, sem no entanto referir que não gosto da maneira como gosta de mim…
Esqueço que o jornal continua a preto e branco
e que o comboio já não passa dois minutos
antes de o sol nascer.
Rasgo o momento como quem rasga o jornal.
Destaco o caos da teoria.
Saio lentamente, em passo calculado.
Aguardo conformada o comboio seguinte.
Reivindico a saudade como complemento de paisagem.