O senhor "S"...
ROMI
Ele ficou com os meus lábios marcados na camisa da farda. Eu fiquei sem batom e sem pinga de sangue com o susto. Ninguém me avisou que tínhamos segurança novo. E ninguém avisou o segurança novo que eu me desloco durante a noite, quando faço serão, apenas com as luzes de presença do corredor. “Não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão”, e foi assim que fui parar à lista negra do Sr. S., o segurança "novo".
À primeira impressão, parecia o King Kong. À segunda, também. Depois, passei a achá-lo parecido com o Índio do filme “Voando Sobre Um Ninho de Cucos”.
Tentei conquistá-lo. Passei a ligar as luzes. Perguntava-lhe sempre se queria café ou chá. Nunca quis.
Só o vejo se fizer serão. Ele faz a ronda e pergunta se preciso de alguma coisa. Quando saio, fecha-me a porta do escritório à chave, e eu digo-lhe sempre, o mais suavemente possível: “Até amanhã, Sr. S., muito obrigada por tudo e fique bem.” O Sr. S. grunhe qualquer coisa que eu traduzo como: “Não tem de quê, foi um prazer, boa noite para si também.” Mas, na verdade, o que ele diz é: “Desliza, não me chateies com lamechices a esta hora, que tenho mais que fazer. Vai pra casa...”
Depois, acompanha-me ao táxi que chamo com bastante antecedência, só pelo prazer de saber que tenho alguém à minha espera...
Qualquer semelhança entre este e o táxi que me aguarda, nem é coincidência, é para lá de imaginação (mas faz de conta que não sabemos) ...