Saber ser...
ROMI
Se eu não sei ser dia, e o dia não me sabe ter, fixo-me na margem da noite. Invento fantasmas tristes e gritos a preto e branco, com laivos de ausente lucidez. Aprendo que o silêncio não tem cor, a saudade pintou-o de transparente.
Vou gritando por aí, risos em forma de pensamentos que devolvo a um desconhecido, e desenho um coração em forma de ponto final. E é a isto que me entrego, desalinhada de respostas, sendo as perguntas salgadas, porque doeu o meu adeus a quem não sabe ser triste.
Oculto na sombra do vento, alguém me disse baixinho: "Fica comigo esta noite!" — Não me lembro se fiquei…
E, quando a saudade bate à porta, eu finjo-me de morta para a saudade não entrar. E, quando a solidão bate à porta, eu ressuscito e deixo a solidão entrar...
Foto do meu álbum "Chegar a casa".