Ponto sem fuga...
ROMI
Em gesto distraído inventa memórias.
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ROMI
Em gesto distraído inventa memórias.
ROMI
Mudou a hora, anoitece mais cedo.
“Penso, com frequência, que a noite é bem mais viva e tem um colorido mais rico do que o dia.” Concordo com Van Gogh. À noite tudo parece poesia. A prova, "a vista da minha janela” a horas diferentes.
Sem desprimor para as outras destaco esta, tirada em Istambul, onde à noite é bem visível a Ponte do Bósforo.
Dubai Marina
Tirana (Albania)
Dubai Metro Station
Da janela do avião, num céu por aí
Nicósia (Chipre)
Janela da minha casa (Portugal, por enquanto...)
Eu, preto e branco, versão espantalho. Mas à noite nem se nota nada (angel face)
Imagens do meu álbum : quando a paisagem anoitece…
ROMI
A minha lista de livros a adquirir cresce ao ritmo de cada novo título que quero comprar. É uma espécie de liberdade literária, deixar-me seduzir por outros autores e, na impossibilidade de os trazer todos comigo, aumenta a lista dos "desejos". Ainda assim, sinto uma tranquilidade estranha: é como se os livros que constam da lista fossem já garantidamente meus. Aguardam-me pacientemente, como se soubessem que fazem parte de uma promessa que se há de cumprir.
"Quando queremos muito um livro, ele acontece." Diz a Bertrand...
ROMI
Para fechar o ciclo dos abraços, recorro a este, já publicado em setembro de 2022. Prometo voltar a ele enquanto me disser muito. Há abraços que têm de ser mantidos vivos, embora já não respirem.
Numa amnésia infinita de reencontro e despedida é num abraço que procuro a linha ténue que separa a sanidade da loucura.
Há abraços que perfumam... Há abraços que não se repetem... que ficam para trás, numa estação de comboio qualquer e apetece ir buscá-los.
Há abraços que são uma saudade imensa... que se escrevem com a palavra distancia. Há abraços que escorrem como se fossem lágrimas...
Há abraços em que me abraço e apresiono para não esquecer...
Foi num abraço que me perdi... num abraço de até já que eu traduzi até sempre...
Mas não chorei na despedida ...
Continuo presa num tempo e num dia que tinha sido diferente dos outros. Nesse dia todos os que morreram foram para o céu e o mundo ficou da cor que eu gosto.
ROMI
Armação de Pêra, 20/07/2014
Algarve, um apartamento e eu. Sem amigos, conhecidos, só desconhecidos.
A rua, a animação de rua, com homens estátua, mulheres estátua, casais estátua, e a multidão que não me incomodava, desde que não conhecesse ninguém. E eu…
E eu, despojada de tudo, sem saudades. Anónima para todos, excepto para a gaivota da esplanada, que teimava esmolar as sobras do meu prato.
Mas as gaivotas não dão abraços. Eu precisava de um abraço, era só do que precisava… de um abraço. E não tinha como, o mar não tem solidez, a noite também não.
Já era tarde. A animação de rua estava a abrandar. Pus uma moeda de dois euros no "homem estátua" vestido de branco, como eu. Sentei-me no muro da praia, acendi um cigarro, e fiquei ali. No instante seguinte, já estava ao meu lado, descontraído, como se nos conhecêssemos há anos. "Já chega por hoje", disse ele.
Falámos de banalidades, e rimos. E despedimo-nos com um abraço...
ROMI
Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa.
Faço de conta que não é nada comigo.
Distraído percorro o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro.
Devagar te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no amor como em casa.
Morte, 19 de outubro de 2012 (68 anos) Porto
Chorarei sempre a morte de quem me fez (faz) verdadeira companhia.
"Atropelamento e fuga". Foi através deste poema que o conheci e não mais o larguei. Passou a fazer parte da minha familia silenciosa. Ele e tantos outros: Escritores, pintores, atores, cantores, músicos, etc.. Uns já partiram, outros ainda me restam.
Manuel António Pina. Um ramo de flores brancas para Si, meu querido.
ROMI
Palavras sopradas pelo vento voam em minha direção. E abraçam-me. Só porque sim.
Visualizo o momento, num retrato a preto e branco.
Levanto a mão, como faria qualquer índio, num gesto de paz, e conquisto o direito de ser ouvida. As palavras caem-me aos pés, rendidas. Sabem que os blocos de gelo também choram quando derretem. Não podem abraçar-me só porque sim.
A distância sobrevive, salgada como a água do mar, que respira ondas. Eu respiro silêncios, despedidas, esperas e nadas. A resiliência de quem aprendeu a ser e estar, como quer ser e quer estar.
Reconcilio-me com o vazio que nem sinto. Não me desinquietem as sombras que se aninham em palavras vãs. Não me abracem.
Não podem abraçar-me só porque sim.
ROMI
Indiferente a quantas quadras, tercetos, sílabas métricas um soneto deve conter, cuidei em não ser um hiato e em rima interpolada, salvei um sorriso de morrer de morte lenta.
Desarrumei o destino. Parti por aí sem bagagem, despi-me do luto, ignorei mares navegados, fui a tela de um pintor, fui aluna e professor, esqueci pudores, pisei o risco, sai da linha, delirei em contramão, amassei o pão que o diabo comeu. Deixei de saber de mim. Uma força vibrante, quase anárquica, mas confesso que vivi!
Só que um soneto tem regras fundamentais, não se compadece da incompetência de quem avalia. Não se afoga uma moeda, no bar da esquina, para apagar a mágoa que o regresso ditou.
De volta à minha vidinha suportável. Sem descobertas ou transgressões. O desconforto da rotina. É uma coisa que me inquieta...
ROMI
Hoje estou assim, atrevida, desinibida. Contrario a teoria heliocêntrica. Que me perdoe Copérnico, hoje sou eu o centro do universo. É o sol que se move em meu redor.
Trajo a rigor, sonhos fluidos. A minha voz é meiga e suave, a minha entrega adivinha-se desproporcional. Esqueço que o jornal continua a preto e branco e que o comboio já não passa dois minutos antes de o sol nascer.
Chegas de fato escuro e gravata no mesmo tom, presença cor de cetim. Agora é tarde para não gostar de ti! Ergo o flute, é contigo que quero brindar…
Silêncio, dizes tu, preciso de me ouvir pensar!
Não me calo, e ofereces-me as palavras. Levo-as comigo, rasgo o momento que não foi.
Devolvo o mérito a Copérnico. Adormeço antes de o comboio passar, dois minutos depois de o sol nascer…
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