Por falar de abraços...
ROMI
Armação de Pêra, 20/07/2014
Algarve, um apartamento e eu. Sem amigos, conhecidos, só desconhecidos.
A rua, a animação de rua, com homens estátua, mulheres estátua, casais estátua, e a multidão que não me incomodava, desde que não conhecesse ninguém. E eu…
E eu, despojada de tudo, sem saudades. Anónima para todos, excepto para a gaivota da esplanada, que teimava esmolar as sobras do meu prato.
Mas as gaivotas não dão abraços. Eu precisava de um abraço, era só do que precisava… de um abraço. E não tinha como, o mar não tem solidez, a noite também não.
Já era tarde. A animação de rua estava a abrandar. Pus uma moeda de dois euros no "homem estátua" vestido de branco, como eu. Sentei-me no muro da praia, acendi um cigarro, e fiquei ali. No instante seguinte, já estava ao meu lado, descontraído, como se nos conhecêssemos há anos. "Já chega por hoje", disse ele.
Falámos de banalidades, e rimos. E despedimo-nos com um abraço...