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DESABAFOS

Razoavelmente insuportável…

Razoavelmente insuportável…

DESABAFOS

01
Nov23

NÓS, AS BRUXAS...


ROMI

Uns preferem criticar; nós preferimos festejar. O que ganhamos com isso? Muita diversão, convívio e mais um pretexto para estarmos juntas! Criar memórias inesquecíveis que perduram para lá da celebração. É uma oportunidade de transformar uma simples festa numa ocasião especial para fortalecer os laços que nos unem.

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27
Out23

SERÕES DA ALDEIA...


ROMI

Por norma, os serões na aldeia começam por volta das nove e prolongam-se até à meia-noite. Cada um traz a cadeira de casa e histórias para contar. Conforme vai escurecendo, as histórias vão ficando mais sinistras.

É lançado o mote, desta vez pela Amelinha, que diz em tom baixo, mas de modo a que todos possam ouvir, olhando em volta garantindo que nenhum intruso se inteira da indiscrição: "Dizem que o ti Diogo é lobisomem." Ninguém ficou espantado, como se fosse do conhecimento geral.

Uma outra senhora, cujo nome não sei, atirou: - "Dizem não! É lobisomem, que eu bem o vi. Uma noite ia com o meu Fernando para o pinhal e ele estava na clareira do Batista, de braços abertos, em tronco nu, e desata a galopar. Ficámos sem pinga de sangue, ele ia de olhos arregalados e nem nos viu." 

Todos anuíram com a cabeça; garantidamente, o ti Diogo, era lobisomem. A ti Gracinda disse que uma vez foi visitá-lo, porque estava doente, e de vez em quando ele urrava e rangia os dentes.

O senhor António, apercebendo-se de que o assunto do lobisomem estava esgotado, conta o susto de morte que apanhou quando andava no contrabando. Levava um cabrito sobre os ombros, calha a olhar para a cara do animal, e este estava de boca escancarada, olhos vermelhos a deitar chispas, e começa aos guinchos como se fosse um porco em dia de matança. Ninguém ficou impressionado, e o senhor António continuou: "Atirei com ele para o chão, desatei a fugir e por mais que corresse, voltava sempre ao mesmo sítio, como se andasse à roda, mas eu corria a direito. E andei nisto até ser dia."

Aqui já se sentiu uma ligeira agitação. - "Ele há coisas!" disse alguém, enquanto se preparava para contar uma história que superasse todas as outras. E contou a história da moura encantada que aparecia no Castilho. Primeiro explicou-me; todos os outros já sabiam que o Castilho era um monte que tinha uma gruta e, ao que constava, essa gruta escondia um tesouro. - Aqui foi interrompida; alguém se lembrou de que eu, com tanta história, podia ter medo durante a noite. Ao que a Amelinha sugeriu que poderia dormir na casa dela.

"Todos evitavam passar pelo Castilho, quase por superstição, porque constava que as pessoas passavam a agir como que hipnotizadas e diziam que era o encantamento de uma moura, cabelo negro, comprido, olhos brilhantes como brasas, a guardiã do tesouro do Castilho. Eram atraídos por uma melodia, que fluía como uma cascata, e os deixava em estado de transe. Um grupo de caçadores, muito destemidos, resolveram enfrentar o mistério, na tentativa de resgatarem o tesouro. Munidos de tampões nos ouvidos, não ouviram a melodia, mas avistaram a moura. Dançava ondulante ao som da música que eles não conseguiam ouvir.

Entraram na gruta, inconscientes dos perigos que a moura encantada impunha. Uma tempestade de areia formou-se instantaneamente. Ventos fortes varreram pedras e detritos, bloqueando implacavelmente a saída, e os homens ficaram lá sepultados para sempre.

Nunca mais se ouviu falar da moura encantada, mas de tempos em tempos, ecoam urros de agonia das entranhas da gruta. Os lamentos daqueles que ousaram desafiar a moura misturam-se com os uivos dos ventos, lembrando a todos que a busca pelo desconhecido nem sempre termina com recompensas, mas pode levar a um destino sombrio e eterno para aqueles que subestimam o poder das lendas antigas. A gruta permanece como um túmulo silencioso, uma lembrança sombria daqueles que desafiaram o inexplicável e pagaram o preço pela imprudência."

A história não me impressionou; era simplesmente uma boa história. Até que... sem que nada fizesse prever, sente-se uma brisa suave, gelada, seguida de um grito estridente que deixou todos sem respiração. Calma, foi só o senhor António que, inadvertidamente, pisou a cauda do gato.

Claro que dormi na casa da Amelinha.

 

37123996_1915963945101830_863232226848931840_n.jpg FOTO DO ÁLBUM "OS MEUS SERÕES"

 

15
Out23

MANJAR DE RICO ...


ROMI

"Não feche o saco que ainda estão quentinhas", disse a menina da mercearia.

 
Lembrei-me que a senhora Angelina, vizinha da minha avó, sempre que cozinhava frango dizia que tinha manjar de rico, porque gostava muito. 
 
Pão com manteiga e café. Hoje tenho manjar de rico. 
 
A minha Aidinha costuma dizer que bebo tanto café que qualquer dia já não preciso ir à praia para me bronzear. Aidinha a ser Aidinha, what else? 
 

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FOTO DO MEU ÁLBUM "ALMOÇO À POBRE"

13
Out23

A INEVITABILIDADE...


ROMI

Quando o dia morre...

acendem-se as velas da noite e do céu.
Num velório de corpo ausente
e breve.
Porque o dia volta a nascer. 
No movimento invisível,
finge-se de morto.
Alguém chora por ele. 
Capta a natureza cíclica da vida.
O nascer e o pôr do sol.
O começo e o fim. 
A inevitabilidade da jornada
da mudança
da mortalidade. 
E rimos e choramos
E rimos e respiramos.
No rodopio de uma dança terminal.
Aqui vamos nós
no ciclo contínuo
na conclusão inevitável:
Sempre que o sol se põe
todos morremos um bocadinho.
 

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FOTO DO ÁLBUM "OS MEUS SERÕES"

10
Out23

E SE EU FOSSE...


ROMI

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Eu sou da noite.

Sou do verbo ir
 sem me demorar.
 
Sou do verbo amar
sem me prender. 
 
Sou cabeça de vento
que quer ser tornado.
 
Sou regresso em suspenso.
Sou de saudade camuflada.
 
Sou onda sem solidez.
 
Sou natureza morta que quer ser ressuscitada... 
 
 
Sou palavras que subscrevo:
 
«Sou policromia disfarçada em negro e branco» Disse o João Afonso.
 
«Todos gostamos de abarcar o mundo, mas é tão bom termos quem nos prenda ao mundo»
Disse o José.
 
«Somos projetos de brisa por soprar...» Disse a Isabel.
 
« O amor é vento em suspenso com a solidez da liberdade » Disse a Mafalda
 
«Sou mar, em constante ondulação.» Disse a Di
 
«És quem és, e nada mais precisas de ser » Disse a Isa
 
 
IMAGEM PINTEREST
 
04
Out23

O NOSSO DIA...


ROMI

E porque hoje é o dia do Animal.

Estes são os únicos disponíveis. Eu não estou particularmente fotogénica, as pulgas, moscas e restante bicheza não quiseram aparecer. Anda para aí uma coisa peluda, com quatro patas, cauda, bigodes e até mia. Mas não é um animal, é a vedeta cá da sitio. Firo-lhe a susceptibilidade se lhe chamo animal. Haja paciência ... 😤

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A VEDETA: 

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28
Set23

ENQUANTO HOUVER MAR...


ROMI

"Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade."

Sophia de Mello Breyner Andresen

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"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim."

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

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Hoje é o dia Mundial do mar... 

Fotos e vídeo do meu a álbum "eu e o Mar"

 

 
21
Set23

CHEGAR A CASA...


ROMI

Abre-se a porta da casa nua

soa o silêncio 

no tilintar da chave contrariada.

O gato rebola como vírgulas depravadas.

Arruma-se a pasta em contramão.

A luz desperta em volúpia .

Os sapatos voam

amuados do dia.

E descalça

E a esta hora

E neste sítio...

Não tarda cheira a café.

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FOTO DO MEU ÁLBUM "COISAS MINHAS"

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