A FESTA DO BODO ( Monfortinho) ...
ROMI
Há imenso tempo, tínhamos combinado ir juntos à festa do Bodo, em Monfortinho. Eu, o Rui A. (neto da vizinha da minha avó), e mais um grupinho restrito, todos com ligações à aldeia. Como sempre, foi tudo decidido em cima da hora. Caso não arranjássemos alojamento em Monfortinho, iríamos dormir na "nossa" aldeia, não muito distante dali. Se fosse o caso, eu teria recusado a ida. Não me apetecia ir à casa da aldeia. Felizmente, conseguimos. Entre o Hotel Fonte Santa e o Hotel Boavista Vintage House, houve alojamento para todos. Eu fiquei no Boavista Vintage — adorei. O meu quarto, o 105, por razões muito particulares, fez-me querer viver ali para sempre. Há lugares que parecem escolher-nos. Falarei disso mais tarde.
Agora é para falar da Festa do Bodo.
Consta que, em 1870, devido a uma enorme praga de gafanhotos que invadiu campos e searas, deixando a população na miséria e à fome, foi feita uma promessa a Nossa Senhora da Consolação: se os livrasse daquela praga, fariam, em sua honra, todos os anos, uma festa onde seria distribuída gratuitamente uma refeição a quem os visitasse.
E assim tem sido, chegam a servir mais de mil refeições. A par de outras iguarias, o foco está na sopa de grão e na chanfana de cabra velha. Tudo cozinhado a lenha, ao ar livre, em panelas de ferro pretas que carregam o peso da tradição e do tempo . O cheiro espalha-se pela rua, mistura-se com a poeira dos passos e o rumor das conversas. Há qualquer coisa de místico naquele gesto de dar de comer a quem chega.
Posso dizer que as pessoas são muito cordiais, fomos muito bem recebidos. Eu não prometo voltar. Era uma curiosidade que tinha, foi satisfeita com sucesso. O resto do grupo pretende voltar para o ano. Boa viagem, meus queridos.