A MELHOR AMIGA...
ROMI
O sentimento que mais prezo é o da amizade. Não gosto do conceito de melhor amigo, o facto de nos relacionarmos mais com uma pessoa pela proximidade geográfica, tendencionalmente torna-o no nosso melhor amigo. No entanto, é simplesmente o amigo com quem nos relacionamos mais. A palavra AMIGO é suficientemente forte para dispensar adjetivos.
Mas há o primeiro amigo. O amigo de infância. O responsável por fazer desabrochar em nós esse sentimento nobre. Com ele é que se define o conceito de amizade. E se não se esquece o primeiro amor (eu que só tenho uma vaga ideia do último, não sou a pessoa mais indicada a dissertar sobre esse assunto), eu nunca esqueci o meu primeiro amigo. Neste caso uma amiga, a Gracinha. Éramos inseparáveis, colegas de carteira, de brincadeira. Foi ela a testemunha das primeiras vezes que parti a cabeça, esfolei os joelhos, cortei a franja e outras peripécias inerentes à infância. Nunca nos zangámos, estávamos sempre uma com a outra e uma pela outra. Depois veio o liceu e só passámos a ver-nos nas férias. Escreviamo-nos frequentemente e pensávamos que nada nos podia separar. Mas a vida encarregou-se disso. Estive anos sem ver a minha Gracinha, ainda que soubesse pormenores pela família. O ano passado tive oportunidade de lhe dar o abraço mais apertado e longo que consegui. A minha Gracinha chorava desalmadamente. Muita emoção. Nunca consigo chorar quando me apetece, choro sempre depois.
E aqui estamos nós, juntas, a olhar o mesmo "mar". A sensação do reencontro é que desta vez é mesmo para sempre. Que a vida não permita que me volte a separar da minha primeira ( melhor) AMIGA …