Anatomia do adeus...
ROMI
Quem gosta sem razão deixa de gostar pelo mesmo motivo...
Brindo ao desencanto —mais ou menos.
Refugio-me na figura que um defunto plagiou,
sopro a vela, atiço a fogueira,
e a paixão continua medíocre.
No vazio da distância, suspendo-me
num gesto oferecido,
e a meia-noite permanece intacta.
O meio da noite também.
Pretendo atrasar-me, digo eu,
e anuncio o espanto.
Num socorro sem alívio, corro só,
como quem se esgota na despedida
e despida permanece, mas de distância.
Sendo assim, ainda não chorou de saudade
quem se fez de contente.
Volto a anunciar o espanto.
Com quantos gestos de indiferença
se destrói a velha nota de rodapé
onde um dia se escreveu: “ para sempre…”?
E depois, há uma voz rouca que me chama.
Talvez queira saber a quem pertence.
Não ainda.
FOTO: IT´S RAINING MEN (aleluia)