Incoerências de um lamento...
ROMI
Cultivamos frases como telas impressionistas que não sabemos decifrar. Hoje, quero-me demasiado branda, num ritmo obstinado de quem não aprendeu a perdoar. Hoje é um dia para esquecer. Passar imediatamente ao dia seguinte.
No absoluto de um diálogo, não quero expor-me em palavras, entrelinhas passageiras de um momento. Sorrio, apenas, para disfarçar o desconforto. Ficar parada, a assistir a um gesto de renovação, é como fumar um cigarro apagado. O gesto altruísta de estar aqui, agora, como quem gosta de um passado perfeito, imperfeito... sei lá!
Caracterizada de personagem, já nem sei se vivi ou apenas pensei que nasci. Vontades ocas, onde farrapos de sombras continuam a bailar, desajeitados, num espaço vazio.
Descubro incoerências cronológicas. Páginas arrancadas e coladas desordenadamente. Detesto detetar os sinais, é tão limitador, avaliar o que é ou não é suficiente para rejeitar.
Revejo-me no lamento de um lobo que uiva, porque não aprendeu a chorar...
Foto "Os meus serões"