LAMENTOS...
ROMI
Apesar da ausência continuas presente. Momentos marcantes contigo passados.
Foste meu confidente, companheiro e amigo. Só fingias zangar-te quando íamos à caça ou à pesca e eu me encarregava de espantar tudo o que mexesse. Depois prometia não repetir e apesar de saberes que não ia cumprir a promessa, davas mais uma oportunidade.
Que saudades desse tempo! Dos intermináveis passeios de mota, dos petiscos e gargalhadas à lareira …
Depois resolveste trocar-me por uma senhora vestida de preto. Ainda hoje não consigo chorar! Foi tanto o que perdeu a oportunidade de acontecer. Reverti-me a um silêncio vestido de luto. Lembro que suspendi a dor e num sorriso pálido, com o olhar oculto pelos óculos escuros, limitei-me, impotente, a ver-te partir. Feliz quem podia chorar o que lhe apetecesse!
Descansa em paz, Paizinho…
Tudo vai desaparecendo… até as emoções. Mas há imagens que nos ficam e tão exactas como se respirassem.
Estava habituada a sabê-lo vivo e queria que assim continuasse.