Mudança de horas e outras teimosias...
ROMI

Não gosto de horas.
Não gosto de horas mortas, de horas que não são horas, de horas de ponta, horas extra, hora marcada, hora da verdade, mudança de hora e hora H.
É um privilégio ter apenas um horário a cumprir, quatro dias por semana. Não tenho “horas” para mais nada. Deito-me quando tenho sono, levanto-me quando acordo e como quando tenho fome.
Hoje almocei por volta das onze e levantei-me às quatro da manhã. Sou mais resistente ao jet lag das viagens do que ao da mudança de hora. Habituada que estou a ignorar o relógio, rapidamente o meu relógio biológico se vai adaptar.
Reconheço o paradoxo de não gostar de horas e adorar relógios. Podia gostar de malas, de sapatos, sei lá. Mas gosto de relógios, preferencialmente parados. O horror que seria ter de os acertar todos sempre que a hora muda.
Talvez seja isso que me fascina neles: a sensação quase física de poder deter o tempo, de o sentir parar comigo, decidir quando é a minha vez de não o seguir. O "agora" suspenso.
O meu verdadeiro tempo, é aquele que eu mesma me dou.
