No lugar que é Seu...
ROMI
Gosto de ir ao Santuário de Fátima não por promessa, mas por hábito, quase por afeto. Umas vezes sozinha, outras com a minha amiga Antónia. Há rotinas que não se explicam, cumprem-se. A Antónia está para o Santuário de Fátima como a Ana T. está para a Feira do Livro.
Há um silêncio especial naquele espaço, um silêncio branco. Estranho sempre não ver, em lugar de destaque, a imagem da Santa que dá nome ao Santuário. Ali, onde tudo devia respirar a sua presença, é preciso procurá-la. Está camuflada nas paredes da torre ou, pequenina, dentro da capelinha em que o destaque é o padre a dizer a missa. Outras figuras ocupam o centro, entidades respeitáveis, sem dúvida, mas que, para mim, não fazem o mesmo sentido. Não é por elas que ali vou. É por Ela. Pela menina da Cova da Iria. Pela luz frágil e firme e pela paz que me transmite.
Fico com a sensação de que o espaço, na sua grandeza arquitetónica, por vezes se afasta da simplicidade da história que lhe deu origem.
Mas volto sempre. Talvez porque há lugares que falam connosco mesmo quando outros parecem calar-se.
E quem sabe, numa próxima visita, a veja ali destacada, finalmente, no lugar que é Seu.




