O CARTEIRO JÁ NÃO ENTREGA CARTAS DE AMOR ...
ROMI
O silêncio não é inocente, produz ecos que não consigo ler.
Pessoas feitas como peças de lego que não encaixam.
Encaixo-me no dia de hoje.
Rejeito o café, mordo o pau de canela.
Diariamente finjo que caí, mas estou em pé!
Sanidade à beira do abismo, quero subir ao alto da montanha e soltar a noite.
Quero um encontro de amigos que ficam pela noite dentro, em pijama, a conversar e a beber chá.
Estou sozinha nessa pretensão. Paciência!
Lamento profundamente quem sabe como deve ser e depois não é.
Já não imagino uma mão a segurar a minha.
Ideia marginal como uma estrada.
O carteiro passa num aceno de quem já não entrega cartas de amor.
Peço um café curto e escaldado, sem açucar.
Fico parada, nesse intervalo, a ouvir-me respirar.
O carteiro passa e volta a acenar, digo-lhe adeus também…