08
Set23
OS BANDIDOS...
ROMI
A esta distância, já lá vão largos anos, parece-me improvável, impossível até, mas a memória que guardo é que a sala tinha daquelas portas vaivém como nos saloons dos filmes western. Encobertos por uma espessa nuvem de fumo, esperavam-me uns quantos fora da lei, com armas nos coldres presos à cintura. Puxei da minha garrafa de água para eles verem que eu também estava armada. Entrei, a medo, mas depois de oito horas de voo o vício fala mais alto. Os delinquentes, com bigodes até ao pescoço e chapéus de aba larga ao nível das sobrancelhas, afastaram-se e deram-me espaço numa mesa minúscula, com lotação para lá de esgotada, mas onde cabia o meu antebraço, para ter acesso ao cinzeiro.
Perguntaram-me de onde era. Fiz que não entendi, cá conversas!!! Só queria repor os níveis de nicotina. Ao segundo cigarro já toda eu era simpatia. Contei-lhes de onde era, para onde ia e o número que calçava em sapato raso. Que diabo, estávamos em quadrilha.
Sabia que quem quer que assomasse à porta do saloon me confundiria, também, com o bandido do cartaz, algures colado numa parede e com a legenda "PROCURA-SE". Mas não, era simplesmente uma das salas para fumadores, agora remodelada, do aeroporto de Istambul.
FOTO DO MEU ÁLBUM NÃO SEI DAS QUANTAS