Pausa para doer...
ROMI
Desço as escadas. São sete degraus.
Como figura que se amarrota na eternidade de um limite, trajo de adeus.
Reinvento o impossivel e esqueço-me que sou a fulana que sai ilesa do desastre dos afetos.
Tudo se transformou em não!
Trajei-te de terno e gravata, com adornos de sorrisos construidos em série.
E partiste, como quem morre a cores e em terceira dimensão.
Disse adeus, com ar de gaja com olheiras, sentada num cantinho.
Puseste o ar de homem sedutor que se reflete num espelho.
A raiva de já ser tarde e ainda irmos a tempo.
Mas eu preferi a solidão como complemento do silêncio.
Fiquei a ve-lo afastar-se.
Uma suspensão temporária de mim...
... que desaba sem doer.
Subo as escadas. São sete degraus.
Estou de volta, sem insónias.
Tenho a sensação de ter sobrevivido, só não sei para quê.
A casa continua quieta.