SER QUEM SOMOS ...
ROMI
Às vezes, só porque sim, enfio-me, literalmente, num autocarro e vou para uma terra com mar. Não interessa qual, tem de ter mar. Reparo que na plataforma da rodoviária, fica sempre alguém a dizer adeus, a outros passageiros que não eu, claro. Mas sem lágrimas. As pessoas já não choram na despedida. Percebo, e não vou enumerar as diversas razões para não o fazerem. Estamos todos à distância de um clique. Reportando-me à infância, chorava-se imenso, chorávamos todos, os que partiam e os que ficavam. A mim doía-me à séria separar-me da minha avó, que por norma só via nas férias. Hoje, é um alívio imenso a partida de alguém que me visita. É um alívio imenso se sou eu a partir e deixo para trás as pessoas que por obrigação moral tenho de visitar.