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DESABAFOS

Razoavelmente insuportável…

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DESABAFOS

16
Out25

O Miguel (memórias)...


ROMI

 

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O Miguel, de olhos fechados, parecia querer mergulhar nas teclas do piano, que o próprio tocava, para se reerguer, no mesmo instante, e ondulante, abria os olhos lentamente, quase a pedir silêncio, que nada perturbasse as notas que lhe saiam da alma. Fração de segundos,  tudo voltava ao normal, na casa de campo. Com um lago cheio de rãs que só se calavam para ouvir o Miguel tocar. 
Não era suposto eu estar ali. Tinha ido visitar a minha avó, sem a avisar, e a surpresa foi  minha porque afinal ela não estava, tinha ido a “Banhos". Nunca percebi o que era ir a banhos. Seria nome de uma terra, seria um tratamento termal? Não perguntei. Nunca fui de fazer perguntas. Ainda hoje. Isso é considerado, por muitos, indiferença. Faço-o na consciência de que as pessoas só dizem o que querem e caso queiram que saibamos algo, é dito sem necessidade de perguntar. 
O Miguel, companheiro de infância, neto da vizinha da minha avó. Raras vezes a nossa ida "à terra" coincidia. Aceitei, agradecida, o convite para ficar na casa dele até à chegada da minha avó. E ali estava eu, com um pijama à homem, que outrora pertencera ao ex namorado do Miguel. 

Há cerca de dois dias e casualmente, encontrei o Miguel numa rua de Lisboa. Ficou parado por um instante, como se também precisasse de confirmar se era realmente eu.  O ar calmo, que tanto o caracteriza. O sorriso, quase o mesmo de há anos, quando as rãs se calavam para o ouvir tocar. E o abraço, de dois amigos que se amam, intemporalmente, alimentados pelas raízes plantadas no passado e resistem e perduram no tempo. Ter consciência disso é aceitar que há sentimentos que não se repetem, que pertencem a um lugar que já não habitamos. Há em mim uma serenidade diante desse despojamento. Não por frieza, mas por lucidez. Não procuro quem me descubra, apenas quem me reconheça.

imagem Pinterest

17
Jan23

CORVO ...


ROMI

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O "Corvo". Ao que parece fechou o perfil. Das pessoas mais gentis que conheci por aqui.Tinha sempre uma palavra de carinho para me mimar. Aos poucos foi-se afastando, deu outro rumo ao Blogue. Há que respeitar. Mas estava lá. Eventualmente, terá ou abrirá outro espaço, neste charco (como carinhosamente chamamos).  É o meu desejo.

Nunca as últimas palavras que me deixou fizeram tanto sentido, mas no sentido inverso. Sou eu que as dedico a quem me deu tanto.
 
Que esteja e se sinta bem, querido amiguinho CORVO.
Voltará ou não, nunca será esquecido e será sempre recordado.
Toda a felicidade do mundo para si, e que o farol da serenidade ilumine os passos do seu caminho.
Saúde, paz e harmonia na sua vida
Um beijinho.
 
Hoje estou triste, sinto pena, tenho saudade.
Até sempre, meu querido. 
 
16
Ago22

A MELHOR AMIGA...


ROMI

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O sentimento que mais prezo é o da amizade. Não gosto do conceito de melhor amigo, o facto de nos relacionarmos mais com uma pessoa pela proximidade geográfica, tendencionalmente torna-o no nosso melhor amigo. No entanto, é simplesmente o amigo com quem nos relacionamos mais. A palavra AMIGO é suficientemente forte para dispensar adjetivos.

Mas há o primeiro amigo. O amigo de infância. O responsável por fazer desabrochar em nós esse sentimento nobre. Com ele é que se define o conceito de amizade. E se não se esquece o primeiro amor (eu que só tenho uma vaga ideia do último, não sou a pessoa mais indicada a dissertar sobre esse assunto), eu nunca esqueci o meu primeiro amigo. Neste caso uma amiga, a Gracinha. Éramos inseparáveis, colegas de carteira, de brincadeira. Foi ela a testemunha das primeiras vezes que parti a cabeça, esfolei os joelhos, cortei a franja e outras peripécias inerentes à infância. Nunca nos zangámos, estávamos sempre uma com a outra e uma pela outra. Depois veio o liceu e só passámos a ver-nos nas férias. Escreviamo-nos frequentemente e pensávamos que nada nos podia separar. Mas a vida encarregou-se disso. Estive anos sem ver a minha Gracinha, ainda que soubesse pormenores pela família. O ano passado tive oportunidade de lhe dar o abraço mais apertado e longo que consegui. A minha Gracinha chorava desalmadamente. Muita emoção. Nunca consigo chorar quando me apetece, choro sempre depois.  

E aqui estamos nós, juntas, a olhar o mesmo "mar". A sensação do reencontro é que desta vez é mesmo para sempre. Que a vida não permita que me volte a separar da minha primeira ( melhor) AMIGA …

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