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DESABAFOS

Razoavelmente insuportável…

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DESABAFOS

29
Set24

"O Trem das Onze" (memórias)...


ROMI

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17
Nov22

A CASA DA ALDEIA...


ROMI

Não me imagino a viver na casa da aldeia, nem gosto de ir à aldeia. Deprime-me. Não gosto de acordar com os passarinhos, nem de adormecer com o irritante do grilo. Gosto de passarinhos e grilos, mas caladinhos. O que eu gosto mesmo é das osgas que habitam o anexo, a que chamo a casa do lume. E na casa do lume, verão ou inverno, há sempre uma ou duas osgas. 
Depois há o senhor que trata das parreiras e fica com as uvas, teima sempre em dar-me um garrafão de vinho. Só aceito a garrafa de bagaço. Pasme-se, gosto de bagaço. Depois há o senhor que trata das oliveiras, lá rejeito eu o garrafão de azeite. Mas gosto desta dinâmica da aldeia, de tratar do que é dos outros e apesar de  raramente lá ir , tem tudo um ar muito cuidado, como se a minha avó ainda respirasse. 
Estive há pouco tempo na casa da aldeia, há assuntos que só eu posso tratar e há situações recorrentes; A minha avó deitava-se muito cedo. Eu ficava na casa do lume, sozinha,  num serão que se alongava. Adoro serões. Quando regressava à casa "grande", tinha todo o cuidado ao abrir e fechar da porta. Todo o ruído em suspenso, até ao deitar, para não a acordar.
Passaram tantos anos e sempre que lá vou, dou por mim silenciosa, quase em apneia, até que acordam os pensamentos e me lembram, podes fazer barulho, ela já cá não está... 
 

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15069069_1289065324458365_886860052732878215_o.jpg Imagens do meu album A casa da Aldeia

08
Out21

A CASA DA MINHA AVÓ ...


ROMI

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A casa da minha avó tinha um candeeiro a petróleo, cortinas em vez de portas e umas colheres de ferro, muito pesadas, com que comíamos as migas tostadas que ela fazia ao pequeno almoço. 

A casa da minha avó, tinha aranhas debaixo da cama e sapatos pendurados nas vigas do teto do quarto. Também pendurava chapéus de chuva e outras coisas que a memória me falha. O quarto tinha duas camas, com colchões de palha, com um rasgão ao meio. Por cima da minha cama, a minha avó, pendurava uvas, para secarem e se transformarem em passas. 
Na casa da minha avó eu comia as uvas, penduradas por cima da minha cama e antes de se transformarem em passas. Fazia bolas de lã com o pelo dos cobertores. A minha avó ralhava e eu não me importava, continuava a fazer bolas de lã.
Na casa da minha avó, não havia histórias ao deitar, nem canções de embalar. Havia o barulho que a minha vó fazia a comer tremoços e comia tremoços noite fora.  
Na casa da minha avó, havia cadeiras de palha, à volta do lume, e um púcaro de esmalte vermelho, com água sempre a ferver. E uma panela preta, com três pés, onde a minha avó, às vezes, fazia a sopa. E havia sapatinhos, na chaminé, caso fosse Natal. A minha avó, prometeu-me um burro, no Natal, porque eu queria um burro. Eu prometi, à minha avó, que quando crescesse lhe comprava um camião cheio de loiça.
A minha avó nunca me comprou o burro. Eu nunca lhe comprei o camião cheio de loiça, porque não cresci, ela não me deu tempo.
 A casa da minha avó continua lá. Mas tu não estás, avó...

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