Hay-on-Wye, Aldeia dos Livros...
ROMI

Eu não tenho a mania que sou rica, só ando a treinar. Sonhar faz parte do treino. Quando certa informação, sem que eu procure, vem até mim, encaro isso como um sinal. Sinal de que esse evento me está destinado e começo a sonhar. Neste momento “estou” em Hay-on-Wye, uma pequena cidade no País de Gales, junto à fronteira com Inglaterra, famosa por ser a “capital dos livros”. Existem dezenas de livrarias espalhadas por ruas pitorescas. Algumas até funcionam ao ar livre, com estantes encostadas a muros e um sistema de “honesty box” (o cliente deixa o dinheiro numa caixinha). Possivelmente, a LIVREaria foi nesta particularidade que se inspirou.
A história de Hay-on-Wye, também conhecida como “aldeia dos livros” começa graças a Richard Booth, uma figura muito excêntrica. Em 1960, Booth percebeu que muitas bibliotecas e livrarias nos Estados Unidos estavam a fechar e a vender livros ao desbarato. Ele comprou imensos, e enviou-os de barco para Hay-on-Wye. Ao instalá-los numa antiga sala de bilhar que transformou em livraria, acabou por criar um polo de atração para bibliófilos.
Em 1977, Richard Booth declarou Hay-on-Wye um "reino independente" e coroou-se a si mesmo como "Rei de Hay". Chegou a emitir passaportes e a criar uma aristocracia.
Esta base sólida de fama e excentricidade ajudou a que o lugar ficasse ainda mais conhecido pelo Hay Festival, um evento literário anual que atrai escritores, leitores e curiosos de todo o mundo. Durante o festival, a cidade enche-se de palestras, debates, lançamentos e música, num ambiente que mistura feira de livros com festa cultural.
Hoje, apesar de algumas livrarias terem fechado com a ascensão do digital, a cidade mantém o encanto e o Hay Festival continua a ser um dos maiores eventos literários do mundo.






Para quem gosta de livros, é um daqueles destinos chamados paraíso. Talvez um dia eu vá, talvez nunca vá, mas enquanto sonho, Hay-on-Wye existe para mim tão nitidamente como um capítulo que se recusa a encerrar.
