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DESABAFOS

Razoavelmente insuportável…

Razoavelmente insuportável…

DESABAFOS

11
Nov24

Não tenham medo do que não existe...


ROMI

Meus queridos, personagens inventadas por mim, estão reunidas todas as condições para o isolamento social — e ainda bem. Estava adoentada, não muito, fiquei a trabalhar a partir de casa, com refeições e medicamentos à distância de um clique, sem ter de sair do conforto do lar, incomodar o vizinho, o amigo ou o parente mais próximo, que vive a 8000 km de distância (e isto é rigorosamente verdade).

Mas um mal nunca vem só; nisto os provérbios não falham. Claro que a pessoa não vai para nova, e as maleitas do passado atuam como um relógio, ainda que não haja mudança de tempo. No caso da minha avó, quando lhe doíam as cruzes, o tempo mudava. No meu caso, e só porque sim, o dedo que lesionei no basquete volta e meia desata a doer, e tenho de lhe pôr um aparato elástico para o apaziguar e adquirir alguma mobilidade — mas pouca.

E cá vou, rodeada dos meus males menores e maiores, numa companhia improvisadamente feliz: Livros, música, filmes e ,claro, a minha gata. 

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E por falar em filmes... 

            

Alguém me disse: se dás atenção à música de um filme, é porque o filme não é bom o suficiente.

Possivelmente o filme não foi bom o suficiente. A banda sonora, sim. "N'ayez pas peur du bonheur il n'existe pas." Assim, como um dogma: "Não tenhas medo da felicidade, ela não existe". É quase como pedir para não ter medo do papão — ele também não existe.

Não vou entrar em divagações sobre felicidade, já que é um tema que domino tão bem quanto física quântica. E ser feliz é uma coisa que me irrita. Por norma, o que nos faz felizes no momento, é o que nos causa infelicidade no futuro. E isto também é válido para chocolates e sapatos. Quilos e calos, bem entendido.

Não me lembro do nome do filme*. Partilho a música que me deixou tão feliz.

 

  

 

20241109_171020-EDIT.jpg   * "As Recordações". 

20
Set24

Retalhos de Um Serão...


ROMI

 

           

 

O computador para ouvir música. Um livro para ler. Caderno e caneta fazem parte de qualquer cena que eu protagonize; são como os miúdos: "andam sempre atrás". Aleatoriamente, a música Sebastien, dos Cockney Rebel. Sebastien reportou-me ao sr. Sebastião, vizinho da minha avó, que referia várias vezes ao dia que a Tézinha, vizinha da frente, era muito velhaquinha. Acho que o sr. Sebastião nutria um sentimento muito nobre pela Tézinha, mas não era correspondido. Porém, era a Tézinha que lhe valia em momentos de aflição. E mais não digo, que eu gosto de escrever no papel e só depois passar para o computador. Que comece o serão...  

 

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16
Fev24

Behind the Candelabra: My Life with Liberace (filme)


ROMI

Uma declaração de amor. 

E quando um homem gosta de um homem o que se chama? 

- Chama-se amor...

 

 

 

 

 

"Porque te amo? Amo-te não apenas pelo que és, Mas pelo que eu sou quando estou contigo. Amo-te não apenas pelo que fizeste de ti mesmo, mas pelo que estás a fazer de mim. Amo-te por ignorares as possibilidades do tolo em mim, e por aceitares as possibilidades do bom em mim. Porque te amo? Amo-te por fechares os olhos às discordâncias em mim. E por acrescentares música em mim através da escuta reverente. Amo-te por me ajudares a construir da minha vida não uma taberna, mas um templo. Amo-te porque fizeste tanto para me fazer feliz. Fizeste-o sem uma palavra, sem um toque, sem um sinal Fizeste-o apenas sendo tu próprio. Talvez afinal, isso é o que o amor significa. E é por isso que te amo."

"Why do I love you? I love you not only for what you are, But for what I am when I'm with you I love you not only for what you have made of yourself, But for what you are making of me. I love you for ignoring the possibilities of the fool in me, And for accepting the possibilities of the good in me. Why do I love you? I love you for closing your eyes to the discords in me, And for adding to the music in me by worshipful listening. I love you for helping me to construct of my life Not a tavern but a temple I love you because you have done so much to make me happy. You have done it without a word, without a touch, without a sign You have done it by just being yourself Perhaps after all, that is what love means And that is why I love you."

13
Jul22

O SENHOR DO CACHIMBO...


ROMI

Era costume fumar na janela da marquise, para ver o pôr do sol. Na varanda da vivenda em frente, um senhor, de meia idade, barba branca e ar distinto, fumava cachimbo. Se os olhares se cruzassem, dizíamos, imperceptivelmente, boa tarde e nada mais. Por norma, e para meu deleite, havia sempre uma música clássica no ar. Uma em particular que eu gostava muito, sabia que era do Pavarotti, mas não sabia o nome da ária.  Enchi-me de coragem e perguntei-lhe. Caruso, respondeu ele. A partir desse dia, sempre que eu ia à janela, ele punha Caruso. E eu agradecia-lhe com um acenar de cabeça e sorriso discreto. O senhor, não sei o nome, manteve o ar distinto, apesar de cada dia mais débil. Quando umas senhoras, vestidas de preto, encerraram de vez as portadas das janelas, deduzi que faleceu. Eu, em homenagem, continuo a ouvir Caruso. O senhor já não está. E mesmo que estivesse, não o poderia ver. Nem ao pôr do sol. As árvores do jardim de baixo cresceram imenso. De tal forma que quando vou à janela, só vejo o cume das árvores. Mas gosto de acreditar, que o senhor do cachimbo está lá e que põe Caruso só para mim.

Eu quando ponho, é para os dois... 

  

 

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