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DESABAFOS

Razoavelmente insuportável…

Razoavelmente insuportável…

DESABAFOS

15
Jan25

O Vento do Sul...


ROMI

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Fui visitar o Solar do Silêncio…
Arrasei como alma que se quer penada. 

Se o vento do Sul voltar à tardinha, em forma de sentinela zelosa, devolver-me-á
O sorriso que se quer triste.

E depois deste pranto lento
De alguém que perdeu o rumo e jamais o encontrou
Derramará gotículas que se querem nuas, porque são salgadas.

E em sintonia depravada
Busca  recordações vivas, mas que já não respiram.
Rasgará flores e corações em forma de pensamento
Que se perdeu à beira dos dias.

E rodopia e baila e continua.
Porque o bem querer morreu de morte lenta.
Não sabia morrer de repente.

E o vento do Sul não veio à tardinha.
Ficou por aí suspenso em parte ingrata.
E o dia que jaz, porque se quer vivo
Virou as costas e anoiteceu...

Fui visitar o Solar do Silêncio

Acendi mil velas sem calor.
Depois fugi, como alguém que se quer gente
E está despido de si… 

30
Nov24

Silêncios de Novembro...


ROMI

 

 

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No gesto altruísta de quem decide oficializar a distância, parti.

Partir é quase morrer... com a capacidade de ressuscitar.

Pesa o silêncio a que a memória se habituou.

Esboço um sorriso que não é o meu ...

Esse morreu ontem à noite.

A noite, essa, mantém-se lá fora...

E são duas da manhã.

Uma janela que se fecha...

A minha...

Como um Novembro sem calma...

Um episódio em forma de fim.

Alguém que morreu, sem partir

e ainda não sabe.

As ondas, essas, morrem na praia.

Nem todas vão para o céu...

 

Foto do  álbum "Os meus serões".

 

 

 

 

29
Set24

"O Trem das Onze" (memórias)...


ROMI

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05
Jul24

Silêncio, estamos em Sintra ...


ROMI

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Sintra, à noite, transforma-se, ostenta um manto de mistério. Veste-se de gala e de respeito. O silêncio impera como um código secreto. Ninguém ousa falar alto. Sussurros e risos abafados são a norma, para não quebrar o encanto.

De todas as caminhadas noturnas em que participei, só em Sintra senti este efeito. Dentro da localidade, era-nos pedido que fizéssemos o mínimo barulho, para descanso dos residentes. No interior da serra, essa necessidade não existia, mas, por efeito coletivo ou não, todos murmuravam, ninguém falava alto.

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Sintra, à noite, não é um lugar, é uma sensação. É a simbiose perfeita de tudo o que representa, a harmonia mística, a magia das lendas e contos. Segredos escondidos em cada recanto.

Caminhar pela serra de Sintra, à noite, é como entrar num conto de fadas, cada sombra parece contar uma história, que nos embala, e não apetece sair. 

 

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Fotos do meu álbum "Caminhadas" com o grupo "Pegadas Noturnas".  As fotos não são da minha autoria. 

17
Nov22

A CASA DA ALDEIA...


ROMI

Não me imagino a viver na casa da aldeia, nem gosto de ir à aldeia. Deprime-me. Não gosto de acordar com os passarinhos, nem de adormecer com o irritante do grilo. Gosto de passarinhos e grilos, mas caladinhos. O que eu gosto mesmo é das osgas que habitam o anexo, a que chamo a casa do lume. E na casa do lume, verão ou inverno, há sempre uma ou duas osgas. 
Depois há o senhor que trata das parreiras e fica com as uvas, teima sempre em dar-me um garrafão de vinho. Só aceito a garrafa de bagaço. Pasme-se, gosto de bagaço. Depois há o senhor que trata das oliveiras, lá rejeito eu o garrafão de azeite. Mas gosto desta dinâmica da aldeia, de tratar do que é dos outros e apesar de  raramente lá ir , tem tudo um ar muito cuidado, como se a minha avó ainda respirasse. 
Estive há pouco tempo na casa da aldeia, há assuntos que só eu posso tratar e há situações recorrentes; A minha avó deitava-se muito cedo. Eu ficava na casa do lume, sozinha,  num serão que se alongava. Adoro serões. Quando regressava à casa "grande", tinha todo o cuidado ao abrir e fechar da porta. Todo o ruído em suspenso, até ao deitar, para não a acordar.
Passaram tantos anos e sempre que lá vou, dou por mim silenciosa, quase em apneia, até que acordam os pensamentos e me lembram, podes fazer barulho, ela já cá não está... 
 

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15069069_1289065324458365_886860052732878215_o.jpg Imagens do meu album A casa da Aldeia

08
Ago22

EM PASSO PLANEADO...


ROMI

Apertei os sapatos em ritmo de Adeus.
Parto em passo planado, com o sol em poente, reivindico uma gaivota triste como complemento de paisagem.
Só depois me afasto, sem carácter de urgência.
Vestida de preto, com salpicos de silêncio e um apontamento a designar,
levo nas mãos acenos gastos à força de tanto serem usados. Remeto-as à inercia!
Pela primeira vez não olho para trás num gesto póstumo.
Há "nós" e laços, há agora um projecto de consciência em ruína.
Atirei, como uma noiva, um ramo de crisântemos.
Lamento imenso se alguém o apanhou... 

"Ele foi sempre um mar de inverno, ela quis ser uma gaivota
de verão."

IMG_20191208_082336.jpg Foto by me

     

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